quarta-feira, 16 de março de 2016

Filhos do Átomo - Aquela que Nasce das Cinzas- [Contos de Juliette]

                Anteriormente em "Filhos do Átomo"    -A Tempestade - Parte 1 , 2


                                           Tentei me matar diversas vezes.
                                                Em todas eu renasci.
                                              Hoje eu me matei 4 vezes
                                            Hoje eu não quero renascer
                                                Eu só quero esquecer
                                              Por que no fundo eu sei
                                                 Que não vou renascer,
                                              Pois não mereço renascer
                                                                ...

     Faltam duas horas para às 7, mas antes de ir me arrumar, vou ao departamento. Preciso reunir o máximo de informação possível sobre o caso; "crianças desaparecidas de orfanato" são tantos casos... a ligação entre eles é quase nula, e são sempre crianças com 15 anos que fogem, não 6.... Droga! Não era pra ser tão difícil assim! Como Anna consegue informação tão rápido... Talvez ela possua algum programa no computador dela... Ligo para ela, mas não recebo resposta... Ela não ia se importar se eu mexer nos arquivos dela, certo? Que mal seria! Não vou mexer em nada pessoal.
        Checo se tem alguém mais trabalhando... HA! Esses "detetives" não vem trabalhar nem em dia de semana, agora imagina num sábado, ainda mais depois daquela tempestade.  Devo lembrar de agradecer Anna por colocar a senha do computador o nome do seu cachorro, facilita a vida. Assim que ligo o computador sou bombardeada de arquivos e pastas, todas misturadas em um um mar ícones na tela azul da desktop. Um verdadeiro caos na Terra... Demoro ao todo 40 minutos para localizar uma pasta com os antigos casos de Anna; assim que entro me deparro com duas abas, uma escrita "Juliette" e a outra "Rosalina". Deve ser mera coincidência, minha prima Rosalina parou de trabalhar aqui a anos, deve ser outra pessoa. Entro na pasta Rosalina, e essa foi a primeira vez que morri hoje...


           Faço uma rápida investigação sobre os milhares de casos de minha parceira, até que finalmente acho uma coisa interesse: Um caso de 1990 sobre desaparecimento de crianças; segundo o relatório tudo não passava de um erro de sistema, mas se Anna escrevia relatórios da mesma forma que ela escreve hoje, as crianças podem ser desde monstros gigantes a Anarco Punks que fugiram de casa.  Pego os supostos endereços e nomes dos orfanatos e vou em busca de novas pistas.
                                                                    ...
            No total  eram 5 orfanatos: Um virou centro religioso, dois fecharam e se tornaram casas, outro virou uma fábrica e o último virou uma escola.

             Começo pelo centro católico. Nunca fui muito religiosa, mas meus pais eram extremamente católicos então acabei aprendendo um pouco, e desse pouco aprendi que é extremamente proibido conversar durante a missa; por isso quando entro na igreja e vejo o Padre dando um sermão, me acomodo numa cadeira e espero terminar. Mas assim que entro o Padre lança um olhar mortífero para mim como se não devesse estar ali:

     -Irmãos e Irmãs! Hoje nós testemunhamos a ira de Deus! Assim como no dilúvio nossas casas ficaram alagadas, nossas ruas sumiram, o céu fechou e de lá a fúria de Deus caiu sobre nós!  Assim como a água devolve o branco a nossas roupas, a tempestade  lava nossos pecados! Estou certo irmãos?!
      -Sim!
      -Pois bem meus jovens! Deus lançou a tempestade em nós para nos testar! Quando o homem comeu a maça de Éden, Deus perdeu toda credibilidade em nós. Hoje mais uma vez ele nós testa; aqueles que pereceram hoje se afogaram nos próprios pecados, não havia salvação para a alma deles. Aqueles que hoje sobrevivem estão livres de seus erros, mas isso não os impede de pecar de novo apenas param serem julgados por Deus novamente! Amém!

             Me controlo muito para não atacar o Padre, então começo a prestar mais atenção na Igreja do que no sermão em si. Era uma capela normal, parede branca, imagens de cristo por todo lado, altar com meia taça de vinho (o Padre deve ter tomado a outra metade), cadeiras enfileiradas, famílias reunidas, pais tentando alegrar as esposas de que são bons maridos e que não cortejam a secretária, Mães que fingem serem boazinhas para que as amigas não falem por suas costas (elas falam mesmo assim), crianças que dormem ou fingem serem boazinha iguais aos pa... No meio da capela vejo um menino ruivo e recheado de sardas. Não consigo lembrar muito bem do garoto, mas senão me engano ele estava no ônibus escolar hoje, o mesmo que levou Bela embora. Não pode ser, é muita coincidência:
        -Por isso irmãos! Lembrem que hoje Deus matou todos os infiéis, seja por meio da água, seja por outros meios. Vocês foram sobreviventes, Deus os considera dignos de se redimir com ele; vocês foram os escolhidos a trilhar o caminho de deus! É fácil identificar um pecador. Eles estão nas nossas casas, no nosso trabalho, estudam com seus filhos. O nosso governo espalhou os infiéis por todo nosso sistema: universidade estão sujas, bairros inteiros da cidade estão sujos, supermercados, shoppings, até nossa pobre igreja foi contaminada com tal podridão agora!

                Meu Deus!  Agora eu entendi! Me levanto calmamente de meu assento e me retiro, consigo até sentir o sorriso do padre ao perceber que entendi o duplo sentido. O garoto ruivo deve ter sido influenciado pelo discurso, provavelmente foi ele que amarou Ororo hoje de manhã.
                  Como é possível! Em pleno século 21 um pensamento tão imbecil! Eu não consigo acreditar! Vou anotar o nome da capela e pedir pra ser investigada pelo departamento! Assim que saco meu celular percebo que horas são: 9:30...

                                          Duas horas. Duas mortes

                                                        Continua


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