[Leia a primeira parte aqui]
Ouço meu coração bater. Minha mão treme como uma vara, fazendo com que nem consiga carregar minha arma. Saio em busca de Anna, mas toda aquela escuridão só me deixa mais perdida. Nunca deveria ter ouvido aquela moça, se tivesse simplesmente ignorado ela, eu não estaria aqui. Ouço um barulho a esquerda, viro rapidamente apontando minha arma descarregada; "Parado! Mais um passo e atiro!!"
Ouço meu coração bater. Minha mão treme como uma vara, fazendo com que nem consiga carregar minha arma. Saio em busca de Anna, mas toda aquela escuridão só me deixa mais perdida. Nunca deveria ter ouvido aquela moça, se tivesse simplesmente ignorado ela, eu não estaria aqui. Ouço um barulho a esquerda, viro rapidamente apontando minha arma descarregada; "Parado! Mais um passo e atiro!!"
Anna nos leva até a cena do crime, mas não há nenhum indício de um vigilante, muito menos de um morcego gigante. Anna me chama para um canto e pergunta se quero entrevistar a Moça assaltada ou o bandido ensanguentado, escolho a moça, por prezar minha segurança. A moça deve ter no máximo 25, e seus longos cabelos loiros levemente encaracolados combinam com seu rosto, dando um ar juvenil e belo. Ela treme muito, por isso chego calmamente e me apresento. Nada. Pergunto seu nome. Nada. Pergunto se ela está bem. Ela me olha por 2 segundos com um rosto pálido e logo volta a encarar o chão. Elogio seu cabelo, numa última tentativa. Nada. Suspiro e me sento ao seu lado, me lembro do que Natália disse em uma entrevista "Não importa meu nervosismo, o ladrão ou a vítima sempre vai estar mais nervoso". Começo a procurar alguma história para contar a moça, para acalma-la, além de mostrar que sou uma pessoa confiável.
Abro um sorriso. Ele desliza até minhas orelhas e conta uma piada, ocasionando um riso tímido. Esse ato de felicidade espantou a tristonha moça, mostrando claro sua curiosidade:
-Lembrei-me de uma história. Quando era pequena, minha prima vivia me atazanando. Ela pegava um ursinho de pelúcia e fingia que ia mata-lo, o que me deixava muito nervosa. Um dia minha mãe se cortou sem querer com uma faca, minha prima, que estava estrangulando o ursinho, foi ajudar. Nisso ela derrubou o urso no chão, quando o achei pensei que ele estivesse morto. Acusei minha prima do homicídio. Mas sabia que precisava de provas contra ela, só assim poderia leva-la a justiça, vingando o Mr.Fluppy. Então corri para o quarto de minha prima e peguei seu chapéu e jaleco, depois coletei alguns brinquedos da sala e reuni eles em minha cama. Comecei a interrogar cada um deles, até descobrir que a ex do Mr.Fluppy o tinha envenenado por inveja. Felizmente quando contei a história para minha prima, ela sorriu e avisou que tinha uma poção mágica, e logo usou seus dotes médicos para traze-lo de volta a vida.
A moça demorou um ou dois segundos para digerir a história, e depois que percebeu que era apenas uma história ela abriu um sorriso. Um sorriso que deslizou até suas orelhas, e contou uma piada, ocasionando em uma sequência de risos altos. Começo a rir junto com ela, devemos ter ficado 1 minuto rindo. No fim ela já não tremia tanto, suspirou e coletou forças:
- O-Obrigada.
- Ahh... Desculpe, mas por que mesmo?
- Pelo cabelo, obrigada. Acabei de cortar.
Enquanto estendia sua mão, ela revela seu nome, Laura:
Enquanto estendia sua mão, ela revela seu nome, Laura:
- Oi Laura! Será que você podia me ajudar a entender o que aconteceu aqui?
[...]
- O.K Laura, pode parar. Você me ajudou muito mesmo, agora pega esse dinheiro e chama um táxi pra ver sua irmã no hospital. Mas antes anota o meu e-mail... Prontinho, tchau!
Olho o relógio e vejo que estou à mais de meia hora aqui, Anna deve estar P vida. Volto para onde ela estava, mas o que antes tinha apenas um carro de polícia tem agora uma ambulância e três viaturas. Mataram Anna, o bandido esfaqueou ela e fugiu. Não, ela foi atravessar a rua e foi atropelada. Não, ela se meteu em uma briga e acabou por ser morta pelo seu oponente. Não, ela... Ela está calmamente fumando no carro. Corro em sua direção e pergunto o que aconteceu. Ela me avisa que quando o ladrão acordou ele entrou em desespero balbuciando algo sobre um morcego gigante, então ele pulou na direção de um policial, mas logo ele conheceu o punho de Anna e desmaiou de novo:
- Bom... Enquanto você brigava...
- Acalmava o meliante.
- Enquanto você "ACALMAVA" o meliante descobri diversas coisas sobre nosso morcego. Segundo Laura...
- Quem?
- A moça assaltada. Segundo ela seu "anjo da guarda" caiu daquela escada; abrindo suas "asas" e lançando uma corda no braço do ladrão, puxando-o em direção ao seu punho, fazendo com que ele caia perto daquele amontoado de sangue e dentes. Depois o morcego levantou o cara e o jogou na parede, a mesma que ele estava antes de ser "acalmado" por você. Ainda acordado, o assaltante jogou diversas coisas em seu agressor, esse que desviou de todas desferindo um último golpe na perna do moço, quebrando muitos ossos.
- Ou seja... Nosso vigilante consegue planar, possui uma espécie de gancho, é muito ágil e é forte o suficiente para levantar um homem de 70 quilos e quebrar sua perna.
- Além de se vestir como um morcego.
- Além de se vestir como um morcego... Ahhh foda-se. Vamos comer, depois a gente pensa em uma lista de suspeitos. Já comeu no "Restaurante No Fim Do Universo"? Não?! Você ainda não sabe o que é comida de verdade!
O local é bem peculiar. Ele é uma espécie de junção dos restaurantes da década de 60 com uma cena de assassinato. As janelas estão todas quebradas, e em certos pontos da parede há buracos de bala e sangue. Nos sentamos em uma mesa que já teve dias melhores, Anna estende a mão e chama a garçonete, que também já teve dias melhores. A moça chega com uma face assustadora, dando a impressão que ia me matar, e deixando claro que minha presença não era bem vista. Assim que ela anota os pedidos Anna me avisa que recrutas não são bem aceitos aqui:
-Então verdinha, por que uma garota que nem você iria querer entrar em um mundo como esse, de crimes?
-Tenho vários motivos, mas o que me incentivou mesmo foi minha prima Rosalina. Ela sempre me contava suas histórias de detetive, e eu ficava maravilhada por cada uma delas.
-Sua prima Rosalina? Pera... aquela Rosalina? A parceira da Natália?
-Essa mesma.
-Caramba garota, você se fudeu.
-Por que?!
-Rosalina foi uma das melhores agentes do D.P.S.P, e trouxe uma fama muito boa para o departamento. Todos vão querer que você seja como sua prima, vão cobrar muito de você por isso. Se fosse você guardava esse parentesco pra você.
Enquanto analiso minha situação, chega outra garçonete. Essa agora aparenta ter minha idade, é um pouco mais magra do que eu, e possui lindos cabelos azuis:
-Oi! Quem pediu o prato do dia?
Tento avisar que o prato é de meu pertence, mas minha boca entra em pânico. Desesperado, meu cérebro procura uma solução; ele ordena que meus olhos avisem a Anna quem é a dona do prato, mas ela não nota meu sinal. Consigo ouvir o Tick Tack da bomba se acelerando! Preciso fazer algo agora!!!
-É... Ahhh... o prato é meu -
-Desculpe-me, mas não entendi.
-Macarão é meu, o da "Greenpeace" é o do dia.
-Aqui está, certinho.
-Obrigada... Isso foi estranho, mas não tem problema nenhum. Como você mesmo disse "Sem preconceito'.
-Como ass... Ei! Vai se ferrar! Não é isso, só tava pensando em outra coisa no momento.
-Sei, já disse que não tem problema algum.
-Vai se ferrar, Anna! É que quando vi o cabe...
-Calma, guria. Somos parceiras, pode confiar em mim.
-Calma, guria. Somos parceiras, pode confiar em mim.
Depois do almoço volto ao quartel, onde para minha surpresa encontro o bilionário Bruno Wayne e sua esposa Selina Kely. Os dois começaram a investir pesado na polícia, sem nenhum motivo aparente, e por culpa disso eles tem aparecido constantemente no departamento. Sorrateiramente vou em direção a minha mesa, lá começo a ler outros relatos sobre o vigilante noturno. Não há muito nos jornais sobre ele, e na internet minhas buscas sempre caem em um site de quadrinhos. Justamente quando ia ler um artigo sobre o vigilante, minha pesquisa é interrompida pela bilionária. Ela me pergunta sobre o que estou pesquisando, e no mesmo tempo que falo, um tom de preocupação e pânico toma seu rosto. Ela nega com a cabeça e relembra como aquele caso é uma bobagem:
-Sei que é meio fútil Sra, mas esse homem ou mulher está se arriscando para proteger a cidade. Sem o devido treinamento ele ou ela pode ser morto.
-Pelo que já li ele parece estar mais treinado e equipado que a polícia.
-O fato dele ou dela ter dinheiro para comprar equipamentos altamente tecnológicos, não o faz ser melhor que nós.
-Mas o fato dele combater o crime sozinho, sem toda enrolação jurídica de vocês, sim. Admita querida, ele É superior a grande parte desses homens.
Ela pisca o olho direito e chama o marido, ambos saem do departamento. Isso foi muito suspeito. Por que ela insistia em chamar o vigilante de homem? E como ela sabia sobre o arsenal dele ? nenhum jornal falará disso. E o mais suspeito, era o fato dela menosprezar tanto o D.P.S.P, mas mesmo assim investir nele! Se existe uma coisa que aprendi lendo Agatha Christie é que não existe coincidência:
-Anna! Liga o carro! Já tenho nossa primeira suspeita.
[Continua]
Links + Uma pequena nota=
+Leia outros contos de Juliette!
-Todo caso tem um início= http://porcocritico.blogspot.com.br/2015/10/todo-caso-tem-um-inicio-contos-da.html
-Vigilante Noturno - Parte3= Em Breve
+Nota= Oi! Só avisando que os contos de Julitte serão divididos em várias partes, o que não facilita a leitura mas traz de volta aquela velha emoção de ler contos policiais no jornal. Por isso fiquem atentos ao Blog, por que daqui a pouco sai mais um conto.
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