quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Vigilante Noturno - Parte 1 [Contos de Juliette]


     Os ventos assobiam em seu ouvido, as folhas deslizavam descontroladamente pela calçadas. As únicas almas nas ruas são a de uma jovem que acaba de terminar o turno, e a das cigarras. A moça caminha apressadamente, hoje é o dia em que sua irmã toma alta do hospital, após o parto. Em meio a emoção de ver à sobrinha ela não percebe os passos que a seguem, até que então uma mão puxa sua bolsa, forçando-a parar. Surpresa ela se vira e vê uma faca poucos centímetros de distância de sua garganta:
         -Passa a bolsa! Perdeu piranha!
     Tentando parecer calma ela avisa que vai entregar a bolsa, cada movimento é calculado mas o ladrão pede pressa. Nervosa ela acaba por derrubar sua bolsa, o agressor vê aquilo como um ato de violência e se prepara para testar o corte sua faca. Ele levanta a faca, apenas para então sentir uma corda prender seu braço. A corda é puxada com força, levando o ladrão ao encontro de um punho, quebrando todos os seus dentes. Desesperado ele tenta se levantar, mas é pego pelas costas e jogado contra a parede. Ainda com adrenalina no corpo ele atira o objeto mais próximo em seu inimigo, que desvia rapidamente e desfere um golpe em sua perna, quebrando diversos ossos. Ainda gritando de dor, o ladrão toma mais um soco no estômago, que o faz cuspir sangue e desmaiar.
   Assustada, a moça se arrasta para um canto. Ela olha para seu herói com medo, só que tão rápido quanto a cena começou o herói abre voo e some. Os únicos vestígios de luta são o ladrão ferido, e a visão que a garota teve de um morcego gigante.


      Muito bem, Juliette. Você vai arrasar com eles, vai mostrar que tem capacidade de ir para uma seção mais importante. Não quero ver você nem mais uma semana no esquadrão inútil!
      Segurando uma caixa de coisas passo na sala de Wally:
       -Com licença, Dra.
       -Olá Juliette. Como vai o primeiro dia?
       -Muito bem, obrigada. Dra., se não fosse pedir muito gostaria de saber qual será meu primeiro caso?
       -Acalme-se recruta. Arrume sua mesa primeiro, depois volte aqui para pegar o caso.
       -Ahhh...  Minha mesa? [Não pode ser...]
       -Sim. Aquela ali, perto dos armários.
        MEU DEUS!!! TENHO UMA MESA SÓ MINHA! MINHA! MESA!! MINHA!!! Isso vai ser bem melhor do que pensava!
      Agradeço e saio da sala. Enquanto me acostumo com a ideia de ter uma mesa só minha, penso em Rosalina. Lembro do dia em que ela me contou como ganhou seu primeiro caso: Ela disse que estava quase morrendo de ansiedade na hora de recebe-lo, mas que a Dra. Wally decidiu contar a história de como  desenvolveu seu amor por gatos. Ela estava quase enforcando Wally, mas tentou parecer interessada para ganhar um bom caso, ela chegou atê mesmo a perguntar o nome de cada gato da Wally! Hehe... Em dias como esse sinto muita saudade dela, quem dera ela estivesse aqui hoje.
        Coloco minha coisas organizadas e bem distribuídas, então percebo que ela está muito diferente das outras mesas, por isso pego um copo de café e coloco nela. Respiro fundo e vou na sala de Wally, bato na porta uma ou duas vezes mas ninguém responde. Tento olhar por trás da porta para ver se alguém está lá dentro, mas alguém cutuca minhas costas:
        -O Cachos Verdes! Amanda já saiu daí faz tempo. Acabei de pegar o arquivo, cê não vai acreditar na merda que arranjaram pra gente! Um maluco sai por aí batendo em ladrões e nos que temos que caçar ele!
        Olho para baixo e vejo uma mulher. Seus cabelos são lisos e escuros, e seus olhos seguem o mesmo padrão. Ela veste um jeans azul, com casaco marrom:
       - Oi! Desculpa mas acho que me confundiu com alguém, Srta...
       - Anna Maria. Cê é a Juliette certo? Não vejo nenhuma outra mulher de cabelos verdes aqui no departamento, então achei que era você.
       -Sou eu mesma. Mas não entendo o que você quer comigo.
       -... Sério?! Eles não te avisaram? típico!
       - Continuo não entendendo.
       - Acorda menina, quem você acha que sou! Sou sua mais nova parceira!
       -Ahhhh! Oi! É que achava que... sabe... você seria...
       -Maior?
       -É. Desculpa, sem preconceito.
       -To ligada, geral iria pensar isso também. Mas fala aí garota, eles pelo menos falaram do caso? Ou nem isso esses vagabundos falaram?
          Nego com a cabeça. Ela suspira e pede para ser seguida, sem entender, muito faço seu desejo. Ela me leva para fora do departamento e avisa que explicaria tudo em seu carro. Estávamos descendo a escadaria, até ela parar e mudar de percurso; voltamos uns degraus e pulamos a barreira da escada:
        -Pra onde a gente ta indo?
       -Já disse, pro meu carro.
       -Mas por esse beco estranho?
       -É um atalho.
    Simplesmente aceito nossa situação e continuo andando. Devemos ter andado 2 ou 3 quarterões antes de chegar no carro dela; esse é inteiramente preto com uma faixa branca com escritos azul "D.P.S.P". "Uma coisa guria. Risca, amassa, suja ou toca meu carro que eu te mato O.K?". Depois dessa declaração espero ela mesmo abrir as portas, vai que aranho alguma coisa. Sento no banco marrom de couro e reparo que o assento do motorista é modificado especialmente para minha parceira, o que deixa praticamente impossível para outra pessoa dirigi-lo:
      -Pois bem garota. Você não sabe nada do caso, certo?
      -Não...
      -O.K... Parece que algum maluco vem combatendo por conta própria crimes na cidade.
      -Atê aí não vejo nenhum problema, ao não ser de que ele vai ser morto já já.
     -Hehe. Mas como tudo nessa cidade é uma loucura tem algo a mais, parece que esse "vigilante" é um  morcego... Gigante.
      -...  ... É zoeira né? Um morcego, MORCEGO, leu muita HQ e decidiu sair por aí batendo em bandidos? Já sabia que esse esquadrão era bem menosprezado, mas mandar a gente investigar esse fato... caso... ocorrência.
     -É isso mesmo verdinha, bem vinda ao meu mundo. Agora vamos achar esse morcego!
                                                       [Continua]
Links + Uma pequena nota=
+Leia outros contos de Juliette!
-Todo caso tem um início= http://porcocritico.blogspot.com.br/2015/10/todo-caso-tem-um-inicio-contos-da.html
-Vigilante Noturno - Parte2= http://porcocritico.blogspot.com.br/2015/11/o-vigilante-noturno-parte-2-contos-de.html
+Nota=   Oi! Só avisando que os contos de Julitte serão divididos em várias partes, o que não facilita a leitura mas traz de volta aquela velha emoção de ler contos policiais no jornal. Por isso fiquem atentos ao Blog, por que daqui a pouco sai a parte 2 desse conto! Obrigado por lerem!!!

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