Acordo com o som do despertador. Minha cabeça dói um pouco, talvez seja por culpa da pancada que Selina me deu sexta a noite. Ainda um pouco tonta me levanto e encaro meu quarto; faz 2 meses desde que mudei para esse apartamento, e para esta cidade. Achei que depois de um tempo já teria me naturalizado ao apartamento, e, enquanto me preparo para trabalhar, lembro de quando mudei para São Paulo.
Mudei para cá sem grandes esperanças. As poucas notícias que chegavam em minha casa tinham uma visão assustadora de São Paulo; estupros, assassinatos, psicopatas, todos reunidos em uma grande caixinha de horror. Quando Rosalina anunciou que iria se mudar para a capital Paulista, meus pais quase compraram um carro forte para trazê-la. E quando chegara a minha vez de sair da toca, recebi apenas um conselho "Não deixe a cidade consumir você, querida". Meu coração estava quase explodindo ao chegar na cidade. O medo fazia meus olhos vasculharem cada canto da rodoviária em busca de algum sinal de perigo. Era uma estranha sozinha em uma cidade com um monte de estranhos, com uma reputação estranha, ruas estranhas, um mundo estranho. Lembro que demorei semanas e semanas para me acostumar a tudo aquilo, e até hoje me sinto um pouco deslocada.
Recebo uma ligação de Anna, ela pergunta se quero carona para o departamento. Aceito sem relutância, Anna foi minha primeira amiga na cidade, e mesmo a conhecendo a pouco tempo sinto que posso confiar minha vida à ela. No carro ela me conta que tentou me chamar várias vezes para sair, mas nínguem nunca atendeu suas ligações. Não falo em voz alta, mas ainda sinto desconfiança para sair de casa, tenho medo do que pode me acontecer. Invento uma falsa doença para despistar Anna, mas algo em seus olhos me diz que ela conhece muito bem a verdade. Já no departamento vou para a minha mesa enquanto Anna pega o caso com Wally, aproveito e analiso as pessoas ao meu redor. Todas, sem exceção, pareciam querer estar mortas; trabalhavam entre bocejos e olhadas no relógio, algumas desistiram de fingir e simplesmente ficavam mandando mensagem no celular. Rosalina falava com tanta paixão desse departamento, ela amava tanto isso aqui, nunca reclamou de nada, de seus companheiros ou de seus casos; mas vendo por meus olhos, aqui é um local extremamente depressivo. As mesas se tornaram Feudos, isolando seu integrante do mundo; e não é somente no departamento, é na cidade inteira. Milhares de pessoas, até milhões, compartilhando o mesmo chão, o mesmo céu, mas nínguem sabe o nome uma da outra!
Anna saí revoltada da sala da Wally, quase mandando verbalmente tudo pro inferno. "Guria! Pro carro agora! Não quero ficar nem mais um segundo nessa merda!" Ou o caso que nós pegamos é um real absurdo, ou Anna pirou e decidiu virar detetive particular. Apostei na segunda, por considerar que seria mais divertido. Infelizmente erro de novo:
- Cacete, Guria. Eu juro que na próxima vez que a desgraçada nos der um caso merda desses, vou arrancar a dentadas a orelha dela. Olha essa droga!
Ela joga uma fina pasta marrom no meu colo, na frente há o nosso nome e um espaço para assinatura. Dentro há um livreto de leis, um folheto autorizando a investigação e duas página recortada de jornal. Nele há uma notícia de 2000 sobre um asteróide que caiu na terra, mais precisamente na fazenda dos Kents, e o outro recorte de janeiro de 2015 falando sobre um objeto voando entre prédios:
-Mas... Eles querem que a gente investige isso?! A primeira notícia é de 15 anos atrás, e a segunda é quase do ano passado! Por que não enviaram outros agentes na época?!
-Isso é o que te choca, querida?! O que me deixa puta é o fato deles nos enviarem para investigar um caso de extraterrestres, pelo amor de deus! Sinto falta de quando caçava bêbados perdidos em parques de diversão.
...
Anna decidiu que antes de realizarmos uma pesquisa mais apurada, é melhor irmos para o bairo onde supostamente foi visto o objeto. A ideia original era interessante, se estivessemos investigando o caso em Janeiro, mas depois de 11 meses nínguem mais lembrava do extraterrestre. Depois de 3 horas Anna avisa para encerrar e voltarmos para o departamento, peço para investigar só mais uma casa antes de ir. A casa tava mais para um apê, quando bato na porta, ela se abre sozinha. "Alô! Alguém em casa?!" níguem responde, e assim que coloco minha cabeça para dentro vejo uma sala muito engraçada. Nela não havia nada, sem móveis, sem divisórias, apenas uma porção de fotos. As fotos eram claramente amadoras, e com um pouco de imaginação você conseguia ver um borão vermelho no meio do céu:
-Vam bora guria. Já ta na hora do almo... Mas que porra é essa?!
- E-Eu não sei, a porta abriu assim que bati. E acho que essas fotos são do nosso alien.
- Você acha?! Faça um favor e pega a câmera lá no carro, obrigada.
Assim que chego no carro ouço Anna gritar meu nome, me viro rápidamente e vejo produtos de supermercado rolando os degraus e uma moça correndo desesperadamente de Anna. "Corre guria!" E sem raciocinar direito parto em perseguição a moça.
Ela não é muito rápida, igual a mim, mas ela conhece o percurso, o que lhe da uma grande vantagem. Não importa o quão rápido corra, ela sempre consegue entrar em alguma esquina ganhando mais e mais tempo. Cansada começo a diminuir o ritmo, e vejo a moça se distanciando muito de mim, até ela se tornar nada menos que um ponto no horizonte.
Volto a Anna ofegante feito um cão:
-E-ela... [respiro fundo] Ela fugiu.
-Merda. Pois bem, vamos isolar essa área. Quero tudo exatamente como chegamos, vou pegar a câmera. Vai analisando a cena enquanto isso.
Primeiro foi o caso do Morcego Herói, agora entramos em um caso extraterrestre. Essa cidade ainda vai me deixar louca.
[Parte 2]
Anna decidiu que antes de realizarmos uma pesquisa mais apurada, é melhor irmos para o bairo onde supostamente foi visto o objeto. A ideia original era interessante, se estivessemos investigando o caso em Janeiro, mas depois de 11 meses nínguem mais lembrava do extraterrestre. Depois de 3 horas Anna avisa para encerrar e voltarmos para o departamento, peço para investigar só mais uma casa antes de ir. A casa tava mais para um apê, quando bato na porta, ela se abre sozinha. "Alô! Alguém em casa?!" níguem responde, e assim que coloco minha cabeça para dentro vejo uma sala muito engraçada. Nela não havia nada, sem móveis, sem divisórias, apenas uma porção de fotos. As fotos eram claramente amadoras, e com um pouco de imaginação você conseguia ver um borão vermelho no meio do céu:
-Vam bora guria. Já ta na hora do almo... Mas que porra é essa?!
- E-Eu não sei, a porta abriu assim que bati. E acho que essas fotos são do nosso alien.
- Você acha?! Faça um favor e pega a câmera lá no carro, obrigada.
Assim que chego no carro ouço Anna gritar meu nome, me viro rápidamente e vejo produtos de supermercado rolando os degraus e uma moça correndo desesperadamente de Anna. "Corre guria!" E sem raciocinar direito parto em perseguição a moça.
Ela não é muito rápida, igual a mim, mas ela conhece o percurso, o que lhe da uma grande vantagem. Não importa o quão rápido corra, ela sempre consegue entrar em alguma esquina ganhando mais e mais tempo. Cansada começo a diminuir o ritmo, e vejo a moça se distanciando muito de mim, até ela se tornar nada menos que um ponto no horizonte.
Volto a Anna ofegante feito um cão:
-E-ela... [respiro fundo] Ela fugiu.
-Merda. Pois bem, vamos isolar essa área. Quero tudo exatamente como chegamos, vou pegar a câmera. Vai analisando a cena enquanto isso.
Primeiro foi o caso do Morcego Herói, agora entramos em um caso extraterrestre. Essa cidade ainda vai me deixar louca.
[Parte 2]
+Leia outros contos de Juliette!
-Todo caso tem um início= http://porcocritico.blogspot.com.br/2015/10/todo-caso-tem-um-inicio-contos-da.html
-O Vigilante Noturno= Parte 1, 2 e 3
-O Vigilante Noturno= Parte 1, 2 e 3
+Nota= Oi! Só avisando que os contos de Julitte serão divididos em várias partes, o que não facilita a leitura mas traz de volta aquela velha emoção de ler contos policiais no jornal. Por isso fiquem atentos ao Blog, por que daqui a pouco sai mais um conto.
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