Lembro de minha Tia preparando mingau quando não conseguia dormir. Não sei o que ela colocava nele, mas assim que você comia sua cabeça despencava no travesseiro abraçando um mar de sonhos. Mas por alguma droga de motivo o meu mingau não me dá sono, só me deixa mais acordada, apesar que a tempestade lá fora não ajudar em minha tarefa sonífera. Já são 3 horas da manhã e essa porcaria de mingau não funciona! Talvez se ligar pra minha Tia ela possa me ajudar... Minha mão só consegue chegar ao meu celular antes de ser interrompida. Que ideia mais idiota! São 3 horas! Ela nem deve estar acordada... Amanhã... Amanhã eu ligo pra eles.
...
Anna me pega cedo, cedo demais, ainda nem tinha tomado meu café quando ela subiu:
-Guria! Vamo rápido, verdinha! O departamento ta pegando fogo e a gente ta aqui
-Calma Anna. Ainda faltam duas horas para o início do expediente!
-O expediente começou a oito horas atrás! Essa merda de tempestade deixou a cidade um caos, é só cair uma gota que todos perdem a cabeça!
-Mas... Como é possível a tempestade ainda estar a ativa se começou a tanto tempo atrás?
-Sei lá, Guria! Lá tenho cara de moça do tempo! Só sei que o dever nos chama, e que quanto mais cedo chegarmos mais poderemos ajudar. Então vamos logo!
Anna estava certa, a cidade está um caos total. Lotados os bueiros pararam de receber água, o que formou pequenas enchentes nas calçadas. Os carros que passam levantado água, logo encotram uma rua alagada forçando-os a parar e mudar de rota, o que criou um trânsito infernal. As poucas pessoas nas ruas ou não tem pra onde ir, ou estão cometendo algum furto. E a tempestade parece estar só começando.
No departamento a confusão é igual, a diferença é o forte cheiro de café e a lama trazida por alguns policiais. Anna dispara em direção a sala de Wally, enquanto eu tento ajudar os outros polícias o máximo possível. Talvez Wally veja como estou colaborando e perceba o meu real valor... CÉUS Juliette! O mundo esta entrando em colapso e você só pensa em ser promovida! Foco, foco na tempestade.
Anna volta acompanhada de um pequeno grupo de bombeiros, ela explica Wally mandou seguir esse esquadrão e ajuda-los com qualquer coisa. Tento falar com o chefe de meu esquadrão para perguntar como podemos ajudar. "Ficando quieta e saindo do caminho, garota!" e com a simpática resposta entro no caminhão.
...
Demora uma hora para chegarmos em um orfanato, esse que parece ser a origem da tempestade já que os raios e trovões ficaram mais fortes aqui. Bravamente os bombeiros entram no prédio e começam a retirar as crianças. Ajudo a coloca las no ônibus escolar, e quando a última criança chega ouço uma delas gritar "Bela ainda está lá dentro! Tia, Tia! Esqueceram a Bela lá no porão!". Grito ordens mandando os bombeiros voltarem para o orfanato e fazerem outro busca, mas nínguem me ouve. Merda... Disparo em direção a entrada do orfanato, e consigo ouvir Anna me chamando desesperadamente do lado de fora. O prédio é velho e possui muitos corredores, o que me faz me perder muitas vezes. Até perceber que a água que entra deve escoar para os andares mais baixos, incluindo o porão. Meu coração esta a mil quando encontro a maldita porta do porão, ele está intacta, a merda dos bombeiros nem tentaram abrir ela. Giro a maçaneta. Trancada. Merda!. Ouço um choro vindo de dentro. Merda. Tomo distância e taco todo meu peso na porta, que ainda não abriu. Merda! Merda!. Repito a ação, ainda não abriu. Merda!!!. Repito a ação, a porta abre. Desço correndo os degraus ao lado da água, encontro a menina chorando sentada numa carteira. A água começou a inundar a sala, provavelmente o real porão deve ficar embaixo dessa sala de aula, senão o local estaria totalmente alagado. Chego com calma perto da menina, falando com calma tento tranquiliza-la, mas o choro contínua. Quando me preparo para coloca-la no colo percebo algo bem perturbador, o braço da garota está amarrado a carteira. A água sobe enquanto tento desfazer o nó, a garota não para de chorar
-Querida... Querida olha pra mim... Olha pr... Menina!!
Ela cessa o choro e com um olhar assustado se vira para mim, o nó está muito bem dado, preciso procurar algo para corta-lo. Enquanto isso tento tranquilizar a menina, a tempestade está ficando mais forte.
-Querida. Vamos fazer um brincadeira? A brincadeira é a seguinte eu te falo uma palavra e você me diz a primeira coisa que vem em sua mente, quer brincar?
Com uma certa relutância ela balança a cabeça confirmando que entrou no jogo. Nome; Bel. Começo a minha procura por alguma coisa que corte esse treco. Comida; Hambúrguer. A água continua a entrar, embora não ouço mais trovoadas. Cor; branco. Vou na direção a mesa da professora, ela deve ter um tesoura, tem que ter. Continente; África. Arranco as gavetas da mesa e acabo por derrubar algumas coisas na água. Pônei; estranho. Enfio a mão na água caçando os itens caídos. Herói; Mago do Tempo. Encontro uma tesoura. Amiga; . Corro na direção dela, mas tropeço e sou derrubada na água. Família; . Felizmente chego na cadeira, corto o laço. Casa; . Em conjunto a um trovão a menina começa a chorar:
-Ei! Ei... Você não pode fazer isso, não pode desistir agora também. Eu também to com medo, mas você ta me salvando. Estamos nessa juntas, se você desistir agora eu vou ficar com muito medo. Então me ajuda por favor. Seja a minna heróina, me salve. Você pode ser forte por mim?
-E-eu... Eu posso.
Com um calmo sorriso coloco ela no colo, meu coração está saindo de meu peito mas carrego Bela com calma. A tempestade parece ter acabo quando saio do prédio. Coloco a menina no chão e continuo a segurar sua mão. "Juliette!" Anna vem correndo em minha direção, sua cara esbanja alívio mas assim que se aproxima ela esbanja raiva "Nunca faça isso de novo! Não somos a merda de um Super-Herói, ainda podemos morrer! ... Que bom que nada aconteceu com você." Sorrio para ela, mas antes de falar qualquer coisa um bombeiro puxa Bela para longe de mim. Um trovão ruge no céu. "Ei! Toma cuidado imbecil! Ela é só uma garotinha!" Com uma cara de descaso ele leva Bela para o ônibus. Converso um pouco com a motorista e obtenho alguns dados de onde irão levar Bela, depois me volto a Ororo e digo que irei visita-la em breve.
Anna me esperava no caminhão "Vamos guria, o dia vai ser longo. Graças a Deus o tempo abriu".
continua
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